como sair bem na selfie
Desde 2013,
quando selfie foi considerada a palavra
do ano pelo Dicionário Oxford, esses autorretratos contemporâneos se tornaram
onipresentes numa época em que visibilidade, às vezes, é considerada um sinônimo
de poder político.
Naquele ano, o
Dicionário Oxford anunciou que um novo verbete passaria a figurar em suas
páginas: selfie. Definição: “Fotografia que alguém tira de si mesmo, em
geral com smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social.” É o reconhecimento
de um fenômeno global. A selfie pode
revelar um estado de espírito ou ser um meio de autopromoção. Anônimos e
famosos aderiram. Em excesso, pode fazer mal?
Simulacro da
vida real, a tal da selfie não é
invenção do mundo digital, mas... a tecnologia transformou a prática 😉 O
primeiro registro reconhecido como tal data de 1839, assinado pelo fotógrafo
Robert Cornelius. Os adolescentes também abraçaram a ideia muito antes do
Instagram. Em 1914, Anastasia Nikolaevna, 13 anos, filha do czar Nicolau II da
Rússia, posou em frente a um espelho. Logo após o retrato, disse: “Foi muito difícil, minhas mãos tremiam.”
Seu próximo passo foi compartilhar a imagem com amigos. Sem Facebook, usou
cartas.
Selfie nada mais é do que
um autorretrato. Gênero antigo, nome novo. A primeira aparição da palavra selfie (abreviação de self-portrait; em inglês, autorretrato)
foi registrada num forum online da Austrália em 2002. Todos conhecem a história
de alguém que se encontrou consigo mesmo viajando
pela Ásia e documentou essa experiência por meio de selfies? Isso foi o que George Harrison, guitarrista dos Beatles,
fez quando foi para a Índia em 1966.
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📷 Rê Ayla por Rê Ayla 📷 de vez em quando, posto algumas selfies AQUI |
Bem ou mal, selfies também se referem à maneira como queremos ser vistos. Simultaneamente, únicos e parecidos com os demais. É uma forma de afirmação? Talvez a selfie revele a identidade, tanto individual quanto coletiva. Seja como for, é difícil chegar a um consenso sobre o que elas representam. Há quem diga que o uso exaustivo da selfie é um dos sintomas de uma cultura obcecada por si mesma e do declínio da sociedade. E houve alguma época na qual os jovens não eram obcecados com sua própria imagem? Em qualquer idade, não se pode culpar as pessoas por querer aceitação (e agora isso está a um clique de distância? 😕 ).
Em oposição à
premissa de que são objetificadoras ou narcisistas, as selfies têm servido para o empoderamento de grupos marginalizados
como mulheres, negros e LGBTs. Fortalecimento de gente fora do padrão. O que elas significam para pessoas que nunca
tiveram a chance de se enxergar na grande mídia? Postar imagens publicamente
acaba expondo as pessoas a discursos de ódio e assédio, mas isso também as
conecta a uma rede global de apoio. Com a popularização da selfie, imagens de pessoas marginalizadas que ficavam de fora dos
principais canais de comunicação se tornaram icônicas.
Ao mesmo tempo,
as selfies e a cultura das redes questionam
a proposição básica de autenticidade, como se reflete nas artes e na política
atuais. Pós-verdade e fake news não
são coisas novas – e selfies, redes
sociais, big data ou a tia do whatsapp não podem ser culpados
pela nossa realidade. Porém, podem nos ajudar a entendê-la 😉
Leia
também:
Como selfies e ativismo online podem
fazer a diferença? Numa entrevista em dezembro de 2017 ao príncipe Harry para
um programa da BBC Radio 4, o ex-presidente americano Barack Obama disse que,
para os movimentos digitais realmente terem impacto no "mundo real",
as comunidades precisam "ir para o offline".