vacinar ou não vacinar


O Zé Gotinha já não faz mais tanto sucesso e as taxas de vacinação estão caindo de forma preocupante no Brasil. A imunização de bebês menores de um ano de idade atingiu o menor nível dos últimos 16 anos. A vacina com o pior índice de cobertura protege contra uma doença que voltou a surgir depois de erradicada: o sarampo.

Nesse cenário, ainda temos que encarar movimentos anti-vacina e celebridades afirmando publicamente, sem nenhum constrangimento, que não vacinarão seus filhos. Onde pede demissão da espécie humana? Vocês não tem vergonha de espalhar essas merdas sem evidências científicas!? E num mundo no qual as pessoas morrem de doenças evitáveis!? Num país no qual metade da população não tem saneamento básico!?

Imagine deixar uma população sem imunização, num país sem saneamento, com esse sistema de saúde pública que aí está. Imaginou?  

Personalidades públicas deveriam ter mais responsabilidade ao se expressar publicamente. Vocês tem o poder de influenciar pessoas – usem-no sabiamente, por gentileza. Vacinas não são uma questão individual – elas são um assunto de saúde pública. Somos gerações que não vivenciaram casos de paralisia infantil. Gerações que não vivenciaram sarampo, difteria... Não conhecemos essas doenças de perto e esquecemos que o grande salto na longevidade, na expectativa de vida do ser humano, se deu com o advento do saneamento e das vacinas.

Usem a internet para mais do que assistir videos de gatinhos e pornografia. Usem as redes sociais para mais do que espalhar fake news. O British Medical Journal afirma que o artigo associando a vacina MMR e autismo é fraudulento (leia AQUI). Pesquise em vez de acreditar em qualquer estupidez que vê por aí. E dá uma olhada no que aconteceu com os dois médicos que associaram vacinas ao autismo AQUI 😉

Google it! Diversifique suas fontes de informação. Desenvolva senso crítico. Mas se você prefere acreditar em tabloides e em celebridades cujos neurônios estão com problemas de conexão... aí já é questão de escolher ser quadrúpede mesmo 😉 

Vacinas são geralmente produzidas a partir de bactérias ou vírus (ou partes deles) mortos ou enfraquecidos, ou ainda de toxinas. Ao inserir no organismo esse tipo de substâncias, o corpo combate o agente estimulando a síntese de anticorpos, além de desenvolver a chamada memória imunológica, tornando mais fácil o reconhecimento do agente patogênico em futuras infecções e aumentando a eficiência do sistema imune em combatê-lo.

Atualmente, existem vacinas para diversas doenças (gripe, malária, poliomielite, febre amarela, rubéola, hepatite, hpv, tétano, etc) e até mesmo contra determinados tipos de alergias. Elas são seguras. As campanhas de vacinação conseguiram controlar e erradicar doenças... mas doenças que achávamos coisa do passado tem reaparecido.

Devemos parte desse reaparecimento a movimentos anti-vacina. É saudável questionar a ciência e a medicina em vez de acreditar cegamente em tudo. É saudável pesquisar antes de acreditar. Mas convenhamos: deixar de vacinar contra algumas doenças é muita vontade de retroceder. Honestamente? Esses movimentos anti-vacina são a prova de que a humanidade ainda será extinta pela burrice!

Deixar de vacinar por crenças infundadas e ideologias toscas é irresponsabilidade e, para piorar, não coloca em risco somente a pessoa não vacinada. E não custa lembrar: em tempos de globalização, doenças se espalham com a velocidade de um clique. Não vacinar ali pode significar uma epidemia acolá.

A ignorância é orgulhosa – Fremdschämen, apenas. Vergonha alheia, em bom português 👍  

Não bastassem muitos governos ao redor do mundo não investirem corretamente na saúde pública e na prevenção de doenças, ainda recebem reforço de gente bem intencionada (e de boas intenções... de boas intenções o inferno está cheio 👍 )...

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