a importância da cultura
Em outubro
de 2016, diplomatas e especialistas em desenvolvimento
urbano se reuniram no Equador, para a Habitat III - principal conferência das
Nações Unidas sobre cidades. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou novo relatório enfatizando o poder da
cultura como ativo estratégico para criar urbanidades mais inclusivas,
criativas e sustentáveis.
O relatório
afirma que a cultura precisa estar totalmente integrada nas estratégias urbanas
para garantir sua sustentabilidade, assim como uma melhor qualidade de vida
para seus habitantes.
👉 Clica
aí e leia por si: cultura é essencial para criar cidades mais inclusivas
Por aqui, o descaso começa pela capital do país. Brasília parece querer andar na contramão do
que recomenda a ONU. Teatro Nacional Claudio Santoro. Espaço Cultural Renato
Russo. Centro de Dança. Quantos são os espaços culturais que ficaram anos (ou
continuam) fechados? Desativados. Sucateados. Proibidos. Controlados.
Esquecidos. Descuidados. Quantos? Teatros das Escolas Parque.
Biblioteca demonstrativa. Quantos precisam de reforma e
modernização? Já viram sala de dança com buraco no chão (do tipo buraco no
asfalto)? Eu já... 😕 E fora do Plano Piloto? Dá pra enumerar?
Espaços culturais
sucateados, abandonados, largados. Espaços públicos sem público. Sem gente. É
essa a vocação da capital?
Preferível pensar
que Brasília é uma cidade com vocação para a arte. O que é a arquitetura de
Niemeyer, senão pura arte concreta? Niemeyer, Burle Marx, Athos Bulcão... Mais
ou menos discretos, estão todos por aí. Anônimos. Dulcina pra cá e pra lá,
subversivamente. Baixo Asa Norte resistente. Bom e velho Beira. O lazer anda de
mãos dadas à cultura – e é também indicativo de qualidade de vida 😉
A gente sempre
pensa em transporte, segurança, saúde... mas há outras coisas que contribuem
para tornar a vida em uma cidade mais inclusiva, menos violenta. Mais saudável,
mental e emocionalmente. Além disso, essas outras coisas atraem turistas e movimentam a economia local.
Que tipo de
cidade queremos?
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***em algum
lugar do passado, eu e muita gente tivemos a opção de cursos e oficinas gratuitos, gibiteca, exposições, shows, espetáculos... no Espaço Cultural
Renato Russo. É um espaço
modelo que deveria estar funcionando (sob gestão e planejamento pragmáticos)
e ter filiais nas cidades satélites. Não sei se me entristece mais ver o espaço cultural fechado ou só poder frequentar o Teatro Nacional por fora... Ah, e essa
foto sou eu por Henrique François 📷
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O que nós, pessoas comuns, podemos
fazer para que artistas de excelência venham mais à cidade e para que artistas
de excelência floresçam na cidade? Sejamos plateia. Tem muito espetáculo,
festival, mostra, exposição, apresentação... Tem muita coisa acontecendo a
preços acessíveis (ou gratuitos) na cidade. Ir, prestigiar, ser público... Compartilhar
com suas redes de contatos... Isso tudo também é incentivar e consumir cultura.
Em outubro de 2018, vote
em gente comprometida com cultura e educação. Aulas de dança, música, teatro,
artes plásticas, fotografia, etc, na escola (e em espaços como o renato russo***) mantém jovens ocupados, em
atividades saudáveis. Isso também é formação de plateia – e como efeito
colateral eles aprendem mais sobre literatura, mpb, história da arte. Dançar
afasta o sedentarismo, melhora a depressão, ajuda na consciência corporal e trabalha a
disciplina. Vote em quem
prefere uma juventude aprendendo sobre Nelson Rodrigues e Isadora Duncan, entendendo
o contexto de guernica e de 22, lendo HQs e aprendendo ilustração... Vote
nessa pessoa. Seja ela quem for, é melhor do que quem exalta armas, corrupções
ou violências 😉
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