a comunicação não é boa nem má

Nasci no tal século XX, que foi breve e terminou junto com a Guerra Fria. Já estávamos, porém, na Era da Informação – quando a posse de conhecimentos é o principal recurso da humanidade e o requisito primordial do poder. Eu diria que estamos numa Era da Informação desde a Grécia – se nos referirmos ao Ocidente. A mudança é na velocidade e nos meios de propagação das informações, assim como nos métodos utilizados para controlá-las.

A onipresente internet e os smartphones são os principais instrumentos da nova era de informações. Livros que eram grafados à mão, em mosteiros, passaram a circular mais a partir de Gutenberg. A internet e a mobilidade amplificaram essa circulação de uma forma jamais imaginada.

O ritmo de desenvolvimento tecnológico produziu uma situação na qual há excesso de informação e, ao mesmo tempo, é difícil que os indivíduos obtenham a informação (correta! 😉) de que mais necessitam.

O que permanece? 😔 Organizações (poucas) que centralizam o fluxo de conhecimento e informações e têm o poder de sustar, acrescentar ou interpretar. Uma consideração que sempre deveríamos fazer sobre o futuro da comunicação: quem a controla e o que esperar de quem a controla?


A comunicação de massa não é uma força irresistível como foi bastante defendido após a utilização da propaganda na I Guerra e, posteriormente, por nazistas e comunistas. Pensava-se que o público era um alvo indefeso. A audiência era considerada passiva. As pesquisas se concentravam no conteúdo da comunicação. Observou-se que essa teoria não se ajustava aos fatos e outras variáveis que pudessem ser influentes foram procuradas, (além do conteúdo 😉).

Pesquisadores descobriram que os grupos sociais a que uma pessoa pertence e suas relações interpessoais fazem uma grande diferença no modo como ela usa e reage à comunicação. Variáveis pessoais, assim como as variações no modo como a mensagem é apresentada, se relacionam com os efeitos da comunicação. Também faz diferença se ela tem público cativo ou oferece alternativas.

A audiência não é passiva. Procura o que quer, interpreta o que acha adequado às suas próprias necessidades e predisposições, raramente muda de idéia como resultado de persuasão. Os emissores divulgam certos sinais e os receptores escolhem entre eles, selecionam alguns, rejeitam outros, fazendo o uso que quiserem e puderem.

McLuhan dizia que o meio é a mensagem, mas a mensagem é muito mais que o meio. Pessoalmente, acho preocupante que tanta gente tenha grande parte de sua concepção do mundo derivada das informações que recebem dos meios de comunicação, que tem o poder de focalizar a atenção. Tem o poder de conferir status a algumas pessoas que lhes podem ser interessantes. Tem o poder de compreender o nosso conhecimento sobre o mundo em que vivemos (viva o algoritmo!? 😳😔). Qual o grau de imparcialidade e fidelidade desses meios? 

Parêntese. Estou colocando a internet e as redes sociais dentro dos meios de comunicação de massa (afinal, século XXI e conectados 😉). E lembro que, apesar de permitir a qualquer um publicar qualquer coisa, as grandes redes e os grandes portais são controlados por poucos grupos, muitos dos quais ligados à mídia tradicional, aos meios clássicos. Fecha parêntese.

A comunicação de massa, por si só, não é boa ou má. Ela é maciça? Isso pode ter como resultado focalizar a atenção em frivolidades e inverdades (viva a era da fake news!? 😳😔). Mas pode também levar realidades importantes à atenção de audiências muito vastas. Até que ponto o caráter maciço da comunicação pode resultar em atividade e mudança (ou em passividade)? Pode possibilitar a participação política em escala muito mais ampla; levar as pessoas à cooperação; oferecer oportunidades aos desfavorecidos. Ou pode contribuir para a passividade e a manutenção do status quo.

Cabe a quem?