publicidade e política


texto originalmente publicado AQUI

Apesar da Lava Jato, políticos despreparados, incompetentes, ladrões, egocêntricos, cínicos, mentirosos… (dentre outros adjetivos) continuarão sendo eleitos. Grande parte, senão a maioria, dos eleitores vota baseando-se na propaganda que é feita sobre determinado candidato ou partido e guia-se pelo que aparece nos meios de comunicação*.

Eleitores acabam seguindo o tempo da comunicação de massas*, que é o presente, o que há de mais efêmero, a referência menos sólida, destituída, segundo Umberto Eco, de ordem histórica. Sua vida é realizada por meio do novo, inserido em determinada interpretação da realidade. Aqui, interpretação feita para vender um produto (neste caso, o produto é o candidato/partido, mas poderia ser uma ideologia ou até aquela musa fitness que você segue nas redes sociais 😉 ).

Não custa lembrar: todo discurso procede de alguém, dirige-se para alguém e procura convencer ou persuadir alguém. Um discurso que deseja convencer é dirigido à razão por meio de raciocínio lógico e provas objetivas. O discurso que visa persuadir tem um caráter mais ideológico, subjetivo e atemporal: busca atingir a vontade e o sentimento do interlocutor por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis para obter a sua adesão. Convencer é um esforço direcionado à mente; persuadir é domínio do emotivo.

Em política, o objetivo é persuadir as pessoas a votarem neste ou naquele candidato/partido. Para isso se usa uma arma muito importante: a publicidade. Aos desavisados, publicidade não é só comercial de tv e não acontece somente durante a campanha. A publicidade é um exemplo de discurso persuasivo, com a finalidade de chamar a atenção do público para as qualidades deste ou daquele produto/serviço. O objetivo é informar e persuadir, principalmente persuadir… Por isso promete algo ao destinatário, mesmo que este algo seja abstrato.

Aristóteles, em Arte da Retórica, afirma que existem 3 grandes gêneros da retórica: deliberativo, judiciário e demonstrativo. O deliberativo, que aconselha ou desaconselha sobre uma questão de interesse particular ou público, é dominante em publicidade. O intuito é aconselhar o público a julgar favoravelmente um produto/serviço.



Outras características básicas da publicidade são usadas para vender um candidato/partido. Em resumo:

- Estrutura circular — texto em circuito fechado evita o questionamento e objetiva levar o (e)leitor a conclusões definitivas;
- Escolha lexical — a construção de uma mensagem persuasiva é fruto de uma cuidadosa pesquisa de palavras, empregada tanto na propaganda quanto na imprensa, objetivando provocar reações emotivas no (e)leitor;
- Estereótipos — como verdade já aceita pelo público, o estereótipo impede o questionamento a respeito do que está sendo comunicado;
- Substituição de nomes — publicidade e jornalismo mudam certas palavras que podem influenciar positiva ou negativamente o destinatário;
- Criação de inimigos — discursos persuasivos criam frequentemente algum opositor;
- Apelo à autoridade — utilização de citações de especialistas para validar o que está sendo afirmado.

Vale a pena refletir e pesquisar um pouco antes de comprar qualquer verdade por aí. Você pode estar comprando um produto falso, estragado ou defeituoso sem perceber. No caso das eleições, pesquise a vida pregressa do candidato e do partido, o que é fato e o que é discurso, etc (Google it minha gente!).


leia também: Sobre o Eleitor Típico

NOTA: *em meios de comunicação e comunicação de massas, inclua redes sociais - estamos em 2018 né 😉